Segundo o Público de hoje (notícia abaixo), 12 de Maio de 2009, o Papa Bento XVI terá ordenado o acelarar do tratamento arquivístico das fontes documentais do Pontificado de Pio XII.
Acusado por algumas facções de não ter tomado posição face ao holocausto, a abertura deste espólio à comunidade científica, poderá clarificar a posição e actuação do Pontífice.
Ordem para acelerar tratamento dos arquivos sobre Pio XII
12.05.2009
Bento XVI deu ordens expressas para acelerar a catalogação dos arquivos do Vaticano II sobre Pio XII, que liderou a Igreja Católica durante a II Guerra e cujo papel na época é objecto de controvérsia. A revelação de novos documentos pode entretanto mudar a perspectiva de um Papa Pacelli silencioso perante o Holocausto, admitem responsáveis do Yad Vashem. A notícia da catalogação foi dada ao PÚBLICO por Yael Orvietto, historiadora do Yad Vashem. O problema da abertura e tratamento dos arquivos da época tem sido colocado em questão por vários historiadores - incluindo da área católica. "Quando se abrirem, a questão poderá ser encarada de outra maneira", diz Orvietto. Quinta-feira, o director do Yad Vashem afirmou que a instituição recebera documentos do Vaticano que poderiam alterar a percepção comum de um Pio XII silencioso sobre o Holocausto. Citado pela AFP, Avner Shalev referiu documentos que mostram ordens do Papa a um convento para acolher judeus perseguidos. Se estes "virem a luz do dia, isso fornecerá uma nova luz" e poderá levar a uma "profunda mudança da nossa percepção" do papel de Pio XII, afirmou. Um congresso em Roma, em 2006, concluíra já que pelo menos 4300 pessoas foram salvas depois de se refugiarem em 133 casas católicas, obedecendo a instruções de Pio XII. "A Santa Sé encorajou o acolhimento dos judeus e a maioria das casas abriu as portas perante esta absurda injustiça", afirmara a religiosa e historiadora Grazia Lopaco.No Museu Histórico do Yad Vashem, mantém-se a referência ao papel ambíguo de Pio XII durante a Shoah. "Reflecte o estado da pesquisa até há poucos anos", explica Yael Orvietto.A historiadora do Yad Vashem destaca o actual bom momento de relações entre o Memorial do Holocausto e o Vaticano. "O processo de diálogo tem permitido fazer novos aprofundamentos para nos avizinharmos cada vez mais da verdade histórica. Pio XII é uma figura controversa e falta rever e analisar muitos aspectos."Catalogar os arquivos abertos pode levar dois a cinco anos, admite Orvietto. "Será uma pesquisa extremamente importante." Para a historiadora, é crucial aprofundar o que Pio XII fez e avaliar historicamente se a sua estratégia terá sido a mais adequada. Mas "muitas perguntas permanecerão."No Yad Vashem, mais de 7500 árvores recordam os nomes dos "justos" que ajudaram a salvar judeus. E o de Pio XII poderá um dia ser acrescentado nesse jardim? "Se houver apresentadas provas para isso, com certeza que seria pensado", admite Orvietto. Mas é prematura, para já, uma resposta definitiva à pergunta. A.M.
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