domingo, 29 de março de 2009

Igreja da Misericórdia da Nazaré - Exposição Documental

A Biblioteca Municipal da Nazaré acolhe até 5 de Abril uma exposição documental sobre a Igreja da Misericórdia. Situada no Largo da Misericórdia, foi, de início, uma pequena capela que serviu para albergar a Irmandade da Misericórdia da Pederneira cuja data de instituição remonta a 1561 e cuja cuja função era administrar o Hospital da Pederneira.

A exposição, que irá ficar patente no novo edifício da Biblioteca Municipal da Nazaré até 5 de Abril, foca a relevância desta Igreja no crescimento social, económico e religioso da Pederneira bem como da vila da Nazaré.

quarta-feira, 18 de março de 2009

III Curso Livre de História da Arte Religiosa


No próximo dia 1 de Abril, o Serviço de Investigação e Promoção Cultural do Centro Cultural do Patriarcado de Lisboa vai dar início ao III Curso Livre de História da Arte Religiosa. Depois da Iconografia Cristã e do curso sobre as Alfaias Litúrgicas, o tema deste III Curso centra-se na Imaginária Religiosa em Portugal.
Destinado a todo o público interessado nesta temática, o, programa do curso procura ser uma resposta a uma síntese que é necessário fazer: um estudo sistematizado sobre a imaginária religiosa nas várias regiões do país bem como a sua influência e presença noutros países.
Conta com um vasto leque de investigadores que orientarão as 8 sessões programadas.
As informações poderão ser pedidas ao Centro Cultural do Patriarcado, no Mosteiro de São Vicente bem como através do email cursoimaginaria@netcabo.pt.
No endereço bensculturais-patriarcadolisboa.blogspot.pt encontrará um link que remete para o novo endereço onde se encontram todas as informações em pormenor bem como as fichas de inscrição.

Os Arquivos da Igreja: memória e identidade

Cuidar os arquivos da Igreja pode parecer um contra-senso, uma ausência de prioridades, em estruturas em que a pastoral é o seu múnus por excelência, em que a união com Cristo é a sua missão fundamental (Lumen Gentium, 3).
Acresce a este facto, um tempo marcado pela afirmação de um modo de estar em sociedade centrado no usufruto imediato de bens e numa lógica do lucro, tendo por consequência o actual quadro económico e financeiro em que as pessoas têm de ser a prioridade por excelência. Neste aspecto, e no quadro da sua missão caritativa, a Igreja teve e tem um papel fundamental. Qual será, então, a importância dos arquivos da Igreja? Em que aspectos, e sobre que fundamentos, se poderá dizer que urge preservá-los e enquadrá-los numa pastoral da Cultura?!
A novidade do Cristianismo, realidade vivida em Cristo que se faz presença continuada na história da humanidade, faz-nos perceber que a Fé, dimensão plena de beleza e mistério, é perpassada pelo testemunho de homens e mulheres que, na sua acção e testemunho, foram Cristo para os outros. A importância pastoral dos arquivos radica no facto de eles serem o lugar de memória das comunidades cristãs e de terem a particularidade de registar o percurso feito pela Igreja ao longo de séculos, em cada uma das realidades que a compõem, cultivando a memória da sua vida e dando eco da sua dimensão evangelizadora. Como diria Paulo VI, nos arquivos eclesiásticos são conservados os traços do transitus Domini na história dos homens.
Coincidindo no reconhecimento da importância do património histórico-cultural da Igreja enquanto repositório das fontes do desenvolvimento das comunidades cristãs, nas suas acções de carácter litúrgico e sacramental, educativo e assistencial, realizadas ao longo dos séculos e ainda hoje actuantes; e no reconhecimento da importância e necessidade da transmissão enquanto memória da evangelização e instrumento de pastoral, ousemos descobrir-nos nesta radicalidade de procurarmos ser, de há dois milénios para cá, rostos de Cristo. Na verdade, uma instituição que esquece o próprio passado, dificilmente consegue configurar a sua função entre os homens dum determinado contexto social, cultural e religioso. Nesse sentido, os arquivos, conservando os testemunhos das tradições religiosas e da praxis pastoral, têm uma intrínseca vitalidade e validade. Eles contribuem de maneira eficaz para fazer crescer o sentido da pertença eclesial de cada uma das gerações (Cf. IGREJA CATÓLICA. Comissão Pontifícia para os Bens Culturais da Igreja – Os Bens Culturais da Igreja. Lisboa: Paulinas, 2000, p.79.).
E se é verdade que a expressão da fé através da cultura e de uma cultura que ilumina a fé é um campo que avança lentamente, também é verdade o que nos disse João Paulo II ao referir que uma fé que não se transforma em cultura é uma fé mal assumida, mal compreendida e não completamente vivida.
Sejamos capazes e audazes de actuar junto do nosso património documental para testemunharmos, com propriedade, esta dimensão que perpassa a nossa história e identidade: a nossa vocação de Filhos de Deus.

Publicado na edição do Jornal Voz da Verdade de 15 de Março de 2009